Na noite de 31 de março de 1964, o Brasil mergulhava em um dos períodos mais obscuros, violentos e antidemocráticos de sua história. Com apoio de setores da sociedade, sejam aqueles conservadores ou pautados por interesses econômicos imperialistas e liberais, os militares tomaram o poder e iniciaram um regime ditatorial marcado por corrupção, arrocho salarial e repressão à classe trabalhadora.
Durante 21 anos, o governo militar, que o atual presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores celebram, perseguiu, prendeu, torturou e matou seus opositores e quem ousasse questionar o governo. Reprimiu manifestações, a exemplo das greves de Osasco, Contagem e do ABC paulista. Interviu nas universidades brasileiras, censurando a liberdade de pensar, ensinar e aprender. Massacrou a população indígena, camponesa e quilombola, entre tantas arbitrariedades.
Embora a sociedade brasileira tenha saído desse período tenebroso e reconstruído bases democráticas para sustentação do país, através do processo da constituinte, que resultou na Constituição de 1988, ainda há muito a avançar no que se refere à garantia de direitos democráticos. Grande parcela da população, composta em sua maioria por negros e negras, indígenas, quilombolas, campesinas e campesinos vive, ainda, à margem não só da sociedade, mas também da democracia.
Para Milton Pinheiro, 1º vice-presidente do ANDES-SN, esse marco histórico exige justiça e reparação aos 434 homens e mulheres assassinadas – em dados oficiais -, que lutavam contra a ditadura. Desses, 119 eram integrantes da comunidade acadêmica.
"É necessário que o processo de reparação chegue à universidade brasileira. Temos que excluir, a partir de construção de espaços democráticos, a presença do entulho autoritário contidos nos estatutos, regimentos, portarias e resoluções dos diversos conselhos. Devemos questionar, por se tratar de entulho autoritário, a continuidade da lista tríplice que permite que o atual governo possa intervir na autonomia universitária, com a indicação de reitores não eleitos. Hoje, mais do que nunca, diante da ameaça golpista das hordas bolsonaristas, devemos repudiar o período ditatorial que se abateu sobre o Brasil em 1964", afirma.
Com a ascensão do governo de Jair Bolsonaro, e com ele do pensamento reacionário conservador e ultraliberal que pautou a ditadura empresarial militar, o Brasil vive um novo período de retrocessos e obscurantismo. Os poucos direitos e garantias sociais que se conseguiu conquistar, construir e avançar desde 1985, vêm sendo atacados seja pela agenda de costumes reacionária ou pela pauta econômica ultraliberal.
Intensificada pela política genocida na condução da pandemia de Covid-19, a crise econômica, social e sanitária atinge de maneira cruel a classe trabalhadora, que se vê desafiada a sobreviver e não sucumbir ao novo coronavírus enquanto vai às ruas em busca de sustento para não morrer de fome.
As universidades, institutos, Cefets e suas comunidades se encontram novamente alvo de censura e perseguições. “Voltam à cena grupos obscurantistas e reacionários com o desejo político de romper as balizas da democracia formal com o nítido sentido de operar um “novo” regime de exceção. São hordas neofascistas, grupos golpistas que se confirmam como apoiadore(a)s do atual presidente da república, Jair Bolsonaro”, alerta o ANDES-SN em nota de repúdio aos 57 anos do golpe empresarial-militar.
O ANDES-SN convoca todas e todos à unidade de ação enfrentar o governo neofascista e seus apoiadores, defender a universidade brasileira e os serviços públicos, para exigir dos governantes um auxílio emergencial decente para a população e a vacinação imediata de todas e todos. “Em defesa da democracia e da luta da nossa classe contra a tirania, denunciamos qualquer forma de comemoração desse evento nefasto da história brasileira. Tal atitude, ocorra onde ocorrer, deve merecer o nosso mais profundo repúdio. Por nossos/as mortos/as, nem um minuto de silêncio, toda uma vida de combate! Ditadura nunca mais!”, conclama o Sindicato Nacional.
Veja a nota do ANDES-SN na íntegra!
Fonte: ANDES-SN