Em 2008 é criada uma entidade cartorial, para superar um alegado sectarismo e práticas antidemocráticas que a representação do ANDES, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, infligia à categoria docente. Todavia, desde o seu início mostrou a que veio. Na sua criação houve professores barrados e seguranças na porta. Com esse método é criado o PROIFES, uma entidade cartorial, chamada aqui, com maior precisão, de PELEGUIFES.
Lembro que pelego, é o couro de ovelha com a lã, usado para deixar mais confortável a montaria no cavalo. Assim são conhecidos os sindicatos que atuam para facilitar a realização dos interesses do patrão, sobre os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras.
Essa entidade cartorial acabou se tornando protagonista em criar condições para que os governos do PT assinassem acordos para encerrar greves. Assim foi em 2012 e 2015.
Esses acordos foram responsáveis por penalizar aposentados, inserindo classes novas no fim da carreira, sem a realocação dos professores e professoras aposentados nessas novas classes. Quem estava como Adjunto 4, o topo da carreira anteriormente, ficou como Adjunto 4. Mesmo tendo sido inseridas mais uma classe acima, com 4 níveis, a de Professor Associado, e outra classe final, a de Professor Titular.
Ela inaugura também o parcelamento do reajuste. Que garante, assinado o acordo, a inviabilização de novas greves no período coberto por ele. Dessa maneira, o acordo de 2015 assinado pelo PELEGUIFES, dificultou, em razão da própria lei de greve, ações deste tipo até 2017.
Em maio de 2024, em plena greve da educação federal, com 60 universidades em greve ou já entrando em greve, com os Técnicos Administrativos em Educação em greve, com mais de 550 campi de Institutos Federais parados, o PELEGUIFES cumpre sua função social. Servir de muleta para que o governo do PT encerre as negociações. Mesmo não tendo carta sindical, apenas participando do processo, por conveniência do governo.
Ainda que represente apenas algo próximo a 10% das universidades federais e que algumas delas tenham deliberações de assembleias, contrárias à proposta do governo, o PELEGUIFES fez uma escolha.
Fez a escolha de virar às costas, mais uma vez, a todas as outras Instituições Federais de Ensino, vinculadas ao ANDES-Sindicato Nacional, ao SINASEFE, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, e a FASUBRA, Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico- Administrativos em instituições de Ensino Superior públicas do Brasil, bem como, inclusive às instituições nas quais atua, que rejeitaram a proposta do governo, em uma manobra de assinatura de acordo realizada às escondidas.
Fez a escolha de negar uma unidade dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, na recomposição orçamentária das universidades.
Fez a escolha, que já estava feita no ato de sua criação, de garantir o seu lugar na lata de lixo da história.
Texto: Vinícius Luge